terça-feira, 12 de novembro de 2013

Música sem voz



“...tudo parece um pasto sem fim, mas existe uma beleza diferente nesses pastos, uma beleza que está a vista de quem escolhe enxergar, a pastagem de verde intenso é cravejada por flores delicadas e singelas de cores amarelas e brancas. As flores salpicadas inadvertidamente na pastagem criam belas pinturas a céu aberto; céu de azul intenso e com sol radiante, um sol com raios gentis que não queimam a pele, que geram calor apenas o suficiente para trazer aconchego na manhã fria.

   O som da natureza é vivo, mas distraído só ouço o som das botas que prensam as pedras contra o solo e produzem um som ritmado que me embala. Não demora muito e o ouvido se aguça e começo a ouvir outros sons. Um pássaro canta uma canção que logo é respondida por outro que segue em um mesmo tom. Aqueles pássaros são mais tagarelas do que os que conheço. As canções são mais complexas e longas. Junto com os pássaros um rio largo surge e surge com força trazendo um novo som grave aos assobios agudos e juntos passam a cantar em harmonia. Logo depois da entrada do rio na sinfonia sinto a brisa me tocar com suavidade a face e ela também sopra seu instrumento formado por grandes arvores, arbustos e folhagens e de repente me vejo em meio a apresentação de uma orquestra ritimada e harmonica na qual meus passos marcados começam a se encaixar e o maestro Universo nos  conduz com perfeição. No embalo da sinfonia a mente se esvazia e se aquieta e pela primeira vez apenas caminho...”